sem título – 093

uma vez mais
na mesa do mesmo resturante
com o mesmo cantor
cantando as mesmas canções
as mesmas vadiazinhas procurando sempre novos velhos
dinheiro
hoje o cantor está mais empolgado
a casa está cheia
cheia de gordas
cheia de velhos
e as vadiazinhas
com um careca estranho
que escreve enquanto observa
boa chuva cai
inunda
alaga
entope
transborda
nesta cidade imunda
e chuá
água para cima
lixo para cima
boiando
sobre as incoerências
sobre o arbítrio livre
sobre a morena que está na minha frente acompanhada
sobre estar acompanhado
sobre por que me olha se está acompanhada?
o que está por trás realmente de estar acompanhado
ter apenas uma
sem haver outra no futuro
higlander
e que seja assim para sempre
hora em que pensamentos
descem espinhosos
nó na garganta
que engasga
desce mas não digere
acreditar
em que mesmo?
em belas palavras
em emoções desesperadas?
sequiosas de emoções envelopadas
prontas em frases feitas
excalibur
tua língua em meu mamilo
água e sal
perfil esguio
doce voz dissonante
inebria com cada palavra

One thought on “sem título – 093

  1. Gosto de poemas. Mas poucas vezes gosto dos poemas que leio, muitos são abstratos demais para prender minha atenção, outros são clichês suficientes para entalarem o radinho da empregada num solo de qualquer instrumento.
    Agora este poema, este… me deu uma imagem tão sólida, um ar tão denso pra respirar. Nem sei do que estou falando, fiquei tonta…

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