sem titulo – 108

Dúvida é a dívida
com o fato fatídico

Fato que de fato
se fala  assim por cima
por baixo
e pelo lado

Não por dentro

De dentro só se aperta
o peito
aquele que se afoga
em dúvidas e anseios

E então ao ver li:
sempre amaras seu lindo jeito nua

sem título – 107

Ah! O sabor da noite!

Salobra visão junto ao preto café, onde a

matula de transgêneros vendem o nada de dignidade,

ralando seus tamancos de esquina em esquina

comércio comum nesta avenida

modo de vida talvez

tenebrosas gangues de tamancos

quebram o silêncio com suas vozes andróginas

rodopiando como pombas giras

para lá e para cá, até que chegue a

radio patrulha que

sem mais encostam e abusam de sua autoridade

prevalece sempre a lei do mais forte

sem título – 106

Filosofia do Pão de Queijo

Sábado passado fui comprar pão de queijo para fazer, pois iria receber uma ilustre visita.
Incoerentemente o primeiro produto que peguei fui o pão de queijo e coloquei no carrinho, continuando comprar o que estava faltando em casa. Obviamente aconteceu esperado, o pão de queijo se amassou e deformou, chegando até a descongelar um tanto. Apenas dois pacotinhos se salvaram com uma certa forma padrão mantida.

Chegando em casa devolvi-os para o congelador.

A ilustre visita apareceu, mas desistiu do pão de queijo pois tinha sido substituído pelo chocolate.
“Maravilha” pensei eu.

Pois bem, esta manhã [quarta-feira] resolvi fazer uma fornada de pão de queijo para café da manhã. No congelador encontrei dois pacotes com uma forma ainda preservada, e dois como uma massa compacta e disforme. Obviamente que mantive intactos os melhores, escolhendo a forma compacta, afinal sobreviveria com um pão de queijo absolutamente torto.

De posse de um martelo, delicadamente destrocei a massa em pedaços com um certo tamanho padrão mas eles se pareciam mais com paralelepípedos do que bolotas de pão de queijo.

O pensamento meme que me veio foi “bolinhas de pão de queijo são para os fracos, os fortes fazem pedras”.

Porém certamente, quando aquecidos eles tomaram a foma um pouco mais arredondada. Com o mesmo sabor.

Concluindo o pensamento:

A sociedade compra um pão de queijo redondo, “bonitinho”, por que foi doutrinada a escolher o pão de queijo redondo e bonito. Assim quem produz o pão de queijo, espera fazer ele redondo para que seja aceito e comprado pela sociedade. Por isso todos tem que seguir o molde.

Mas o sabor não está no molde e sim na massa que o forma. Obviamente precisa seguir um certo padrão de tamanho, n podendo ser completamente achatado e fino, senão torrará na hora da fornada, nem de tamanho desproporcional, por que se não irá ficar cru. Mas mesmo isso tem sempre como corrigir, tirando os menos favorecidos antes, e os mais lentos depois.

Ou seja o formato no final não influiu em nada.

Agora “le grand finale”

Pense: O quanto nos parecemos com pães de queijo, tentando imprimir uma imagem redonda e suculenta para a sociedade, sem se importar com o sabor e tempero próprio?