quando livre da material realidade,
abre-se então asas para vôos
mais altos, estáveis
ou instáveis por opção
leves, os pés, que passam
sobre o mar que se estende na areia
saborosas as notas musicais
que invadem os sentidos
quando livre da realidade humana
livre de um mundo apegado
ao terreno mundinho da ganância
da impressão
e que em nada se impressionam,
diante da beleza de um sorriso do casal de velhos
mundo midiático que acorrenta tais asas
numa impotência de alcançar a realidade imposta
perde, este mundo, o prazer dos passos
sobre a areia molhada
a solidão de voar alto sozinho
sem poder estender a mão
e te puxar para o mesmo vôo planado,
acima deste mundinho infeliz
podendo ver de cima o sol que la no nosso horizonte,
ainda, não se pôs
Porra, que poema!
Eu fico voando com essas asas de solidão, mas sempre me esburracho no chão
O 083 é tão livre quanto “o prazer dos passos sobre a areia molhada”…
poesia delicada e necessaria