os dois negros
a brisa de lagoa
que vem nos saudar
se vou sentir saudade de fortaleza?
com certeza, muito mais do que gostaria,
nunca vou esquecer,
que o caos propicia a >criação
tenho receio sobre o futuro da maldita
pois ela existe pelo caos cotidiano
a vida que borbulha
aglomerado de atos e atitudes
dissoantes
insanas o delírio coletivo
o medo que reina, sempre
afirmo que este receio
não existe em mim
a violência que passa tão perto
rondando,
a fera que deixa rastros, a cada dia
esta fera não me dá medo
o real motivo de ir embora é apenas esse
ir embora
pois sempre estou indo
sempre está faltando algo
coerência talvez?
provavelmente será algo em mim mesmo
mas falta algo
e agora falta tão pouco
para ir
mais uma vez
partir
deveria ser ainda diferente
deveria ser apenas eu e uma mochila
sem rumo até o dia em que,
dentro desta falta de rumo,
que o caminho se trace
sentir a presença do verdadeiro
Deus guiando
não o Deus católico, nem o islâmico
tão pouco o maia ou o aborígene
mas sim o grande arquitéto
aquele que traça as linhas invisíveis
dentro deste suposto caos
as vezes esta linhas, as letras, são tão palpáveis
e no caso são tantas e tantos caminhos
que mais parece um grande novelo
onde estou enrolado
as engrenagens
basta a vontade para girá-las
e todo o destino mudar
de rumo
tudo acontecer ou deixar de existir
o suposto livre arbítrio,
que no fundo
já esta definido
Neo diante do Arquiteto
as decisões
a onda levando até a praia
indo
a contagem regressiva a cada dia, menos um dia
por isso se um dia tiver que ir
ao meu destino
que seja hoje
o que se vê e o que se esconde
ô, boa viagem, viu? pra tu e tua família! e venham visitar vez-em-quando a Cidade Solar.
Beijo.